Urubu Cultural

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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A violinista passada

  A violinista passada mexe no cabelo curto, levanta-se da cadeira e circula no café aos círculos, não faz parte de nenhum círculo de amigos que fumem charuto de Havana. É mágica a violinista passada. É também muito triste.
 À sua frente está um altruísta algo afectado pelo álcool, que lhe escreve um bilhete, que a anima consideravelmente; a violinista passada sorri.
Agora, a violinista passada, bebe uma água com gás, escreve bilhetes ao homem, que está na cadeira à sua frente, sorriem-se.
 Hoje, no dia do ano do eufórbio, revia-a, revi a malvada violinista passada, que partiu o meu brinquedo, e me deixou a inocência na mesa ao lado, carregado com o fardo de ser quem sou, não a pude evitar. Ela é o blindado que gosta de hienas no deserto, o blindado que planta botas cardadas, na mesa da viúva, com a garganta degolada. Apetecia-me contribuir para a morte da viúva, deve ter uma caveira muito sexy. Frente a uma paisagem marítima, a violinista precipita-se num precipício. Fica só o seu violino a boiar, com o arco, tremendamente fixo, à tona de água.

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