
Noto que num jardim, uma romãzeira ostenta os seus pomos abertos e rubros, como belas vaginas ao sol outonal. Aproximando-me, colho alguns que ingiro com a minha mãe.
Vindo não se sabe de onde, surge um passarão que não voa, tem as asas castanhas e o restante corpo é branco, aparte a sujidade que apresenta, que essa tem cambiantes cinza e negro. É grande e alto como um perú, um pescoço de cegonha desproporcional ao corpo, e uma cabeça de ganso-patola (tem o bico, a sua ponta, para ser mais exacto, toda desfiada; talvez de esgaravatar no lixo ou na calçada). Ao perceber que como algo, começa a me perseguir pela rua, a grasnar, e com uma expressão idiota, dou-lhe as cascas das romãs que engole de uma só vez, ao mesmo tempo que, desesperado, o tento enxotar.
Sem comentários:
Enviar um comentário