Urubu Cultural

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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Vinte e seis de Maio, de mil novecentos e noventa e seis

Os receios de que o meu costumeiro lugar no café, (não sou costureiro) estivesse tomado, depressa passaram, ao constatar, pela montra do mesmo, que aquele estava vago. Hoje é um dia particularmente atreito para fumar cigarrilhas.
Há vida no café, ecoam gargalhadas, as pessoas sorriem em demasia. Sentei-me mesmo por detrás de duas irmãs, que correspondem perfeitamente aos padrões de beleza estabelecidos pela sociedade. É tão certo chegar a conviver com elas, como é certo não cortar a picha da viúva na mesa ao lado.
Ambas usam blusas que me permitem visionar-lhes uma secção das espáduas. Lanço olhares furtivos, na tentativa de vislumbrar a roupa interior que trazem. Quererei mesmo ver-lhes as cuecas, ou é assim que me devo comportar?? Julgo que a irmã mais velha não traz cuecas, pois ao se agachar, para recolher uma moeda, por acidente caída no chão, observo-lhe a regateira do cú belo.
O meu chá atingiu a cor dourada devida, pelo que procedo à sua ingestão; uma punk com sida, exclama para os seus companheiros:
- Já estou melhor...
Já está melhor com certeza, da sua adição às drogas. Acende-se outra cigarrilha, para me acalmar os nervos, em pilha.
A minha atenção volta-se para a mesa de Hilário sem colhões, está com outro indivíduo e com mais dois elementos do sexo oposto ao dele; estas não preenchem os requisitos mínimos de beleza sociais, ao contrário das duas irmãs atrás referidas, que estudam psicologia clínica. O chá ainda está algo quente, pelo que suspendo a sua ingestão.
As restantes mesas encontram-se preenchidas por forasteiros sem qualquer interesse. O meu olhar vicioso, detém-se em uma rapariga de blusa de lã, tingida de verde e cabelos compridos, não sei se é bela, pois está de costas para a posição em que me encontro. No exterior, uma buzina estridente soa muito alto, de salto alto está também a rapariga de camisola verde.

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