Urubu Cultural

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fonemas artificiais

É noite, saio do meu prédio com uma pesada mochila às costas; oculto-me entre os carros estacionados desorganizadamente. O excesso de peso na mochila – que não sei o que contém – dificulta-me a locomoção, tolhe-me os movimentos.
Decido, oculto ainda por detrás de um carro, tocar à campainha do Zé dá peidos; deve estar lua nova, pois não discirno um gato pardo. Apito efectivamente à campainha do Zé dá peidos; uma gaitada: longa e sonora. O meu medo aumenta, em proporção de ouvir movimento em casa da vítima, e não poder escapar com a agilidade usual. Escondo-me, desta feita, atrás de um carro, um pouco mais afastado da porta do meu prédio, sinto o coração aos pulos, de encontro o alcatrão sujo. Zé dá peidos, monta guarda à porta de sua casa; o que também me impede de alcançar a minha.
Aterrorizado, ergo-me, acocoro-me, e visiono o meu vizinho ucraniano, à janela. Este faz-me sinal, para que espere acoitado. Quando o Zé dá peidos estiver distraído, ele me dirá.




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