Urubu Cultural

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Le chat noir

Era este o cognome do paladino da justiça: le chat noir. Foi quem liderou a revolta dos Zés-Ninguém, talvez os indivíduos mais importantes, que alguma vez existiram.
Le chat noir, certo dia, decidiu fazer justiça pelo próprio punho, assassinando logo ali o patrão, inclemente, le chat noir, degolou-o como a um porco, enquanto seus camaradas observavam impavidamente.
Desse pequeno gesto, até à revolução dos Zés-Ninguém, foi um pequeno passo; todos os Zés-Ninguéns pegaram em armas, e deram azo a toda a fúria e humilhação, acumulada durante séculos.
Onde quer que le chat noir surgisse, terminava a exploração do Homem pelo Homem, travavam-se violentos combates entre os acólitos dos exploradores, e os explorados, vencendo invariavelmente os últimos citados, sempre sob a orientação de le chat noir.
Le chat noir, do cimo de um outeiro, contemplava o lago de sangue, que era o vale da cidade onde habitava, o sangue, que como o mar, num dia de calma, vem acariciar os pés do banhista.
Guillaume aproximou-se do líder, e proferiu:
- A revolução foi consumada. Os homens são todos iguais.
Le chat noir, ajoelhou-se e chorou. A sua espada, cravada no chão, na terra dura do deserto, vibrava aos caprichos da leve brisa, que se sentia.
Ao longe, uma caravana de camelos passava, le chat noir tomava consciência do poço onde caíra. De mãos abertas, berrava, chapinhando no sangue dos burgueses. Toda a responsabilidade de guiar a Humanidade, caía sobre ele.Seria precisa uma nova geração, uma geração que não tivesse conhecido, a canga da injustiça. Que poderia le chat noir fazer, com um bando, em que a maioria, para não dizer a totalidade, só havia conhecido o combate e a morte?

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