Urubu Cultural

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ementa tardia

- Ainda servem carapaus? – interrogou o freguês esbaforido, transpondo o limiar da venda vazia.
- Serve-se com certeza, amigo..., que é que quer a acompanhar?
- Tem arroz de tomate?
- Tenho sim senhor...
- Para beber, pode ser um copo de vinho da casa.
O viajante procurou um lugar junto à parede e, acto contínuo, despiu o casaco, ao mesmo tempo que se sentava. Na telefonia, ouviam-se fados do Alfredo Marceneiro, no momento transmitiam o: Bêbedo pintor. Isto passava-se tudo em Porto Côvo.
Finalmente, o taberneiro trouxe os carapaus fritos e o arroz, já o viajante ia no segundo copo de vinho; arrotava de satisfação. Debruçado sobre o prato, o freguês mal reparou que entrava no estabelecimento, outro cliente, não vinha ao mesmo, vinha anunciar o fim do mundo.
Aproximou-se da mesa onde o outro comia, e declarou:
- Está aqui um bilhete para o Brasil, levanta-te e caminha...
- Posso acabar de comer os carapaus?
- Não, veste o casaco, que eu acerto contas com o taberneiro. O viajante vestiu o casaco, como lhe foi sugerido e, entre dois bocados de pão, ainda entalou um carapau, para a viagem.

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