Urubu Cultural

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sem título

Elvira é bonita como a fralda de uma camisa, estendida na fonte de Pisa. O poeta, não é um esteta, é um atleta… Come sem parar, a voar nas orelhas do profeta; é o atleta da maratona que transpira suavidade, por todos os poros do seu corpo feminino.
É angelical, a sua metafísica extra-temporal, que me teleguia por entre as paredes fundas, do socialismo prático. «Basta!». Exclamo gazeado, isto é do sueste, oiço exclamar, olho de soslaio, e desmaio, nesse preciso instante.
Não é comummente que desmaio assim, mas por mim, acho que é bom desmaiar, sem parar, a voar. E se não estiver ninguém em casa, toca-se à campainha e deixa-se o recado, à criada, que não lava a cona, e é tantã, pela manhã. E pela madrugada adentro, estendem-se as especulações do poeta anónimo e solidário, porém solitário, poeta de aviário. Que cenário!
Mas que digo eu?! Cenário não ainda, mas bestiário, ao invés! Espere pela sua vez, diz-me o bichinho pequenino ao ouvido:
- Tal como os outros, tem que tirar uma senha de atendimento, e não adianta franzir o cenho, porque já o conheço, o senhor é muito conhecido por estas bandas, e é conhecido pelas piores razões, ou seja, por se infiltrar nas bichas.
Coro de vergonha e desmaio, sem aio que me valha, ou se me visse, que me abrigasse, que é essa a função dos aios, abrigar seus amos.
Amo a princesa Stéphanie do Mónaco, amava também sua mãe, a glamorosa Grace Kelly, que em tão fatídico e fastidioso desastre, perdeu a vida; como já a cantilena de Graciano Saga adverte, porém, põe em cheque de que é seguro andar na auto-estrada, com tanto carro lá, se nos metermos no meio, ainda que permeio, corremos o risco de ser gravemente atropelados, desvirtuados e vituperados, nos feriados remunerados.
Junta alcoólica das estradas, foi a este organismo que apresentei queixa, por escrito. Queixo por queixo, dente por dente, já reza assim o velho adágio popular, porém, sem muito que por cá se faça. Importa ainda lembrar os militares, que tombaram em La Lys, e que a junta alcoólica, pura e simplesmente ignorou, desprezou, não quis saber.
Era noite, e ouvia-se fado nas trincheiras, bem como algumas caganeiras, que a comida era muito má, davam bolachas a homens de pedra e cal, criados a papo-seco, ao murro, ao soco e a pontapé. É assim que se educa um português, ou dois, ou três. Quem educa um português, educa dois ou três, já dizia o António Variações. Variada era também a sua dieta, que consistia em: carne, peixe e legumes, muito equilibrada, portanto. Mário Cesariny, também tinha uma dieta equilibrada, é vê-lo ainda a rabear, todo contente, com o prémio do presidente da república.
Publica! Publica! Dizia o redactor do meu jornal, ante esta maravilhosa notícia. Falo do que conheço, limitei-me a dizer.
Chorou baba e ranho, o raio do homem, teve que se chamar a ambulância e levá-lo de caixão à cova, que não aguentou a sova que levou da mulher, quando esta soube que ele tinha amantes. Levou uma sova no sofá, a mulher partiu-lhe os dentes, nem pelo registo dentário o conseguiram identificar. Estiveram para lá, a ver umas fotocópias e umas radiografias e, mesmo assim, nada.
No funeral, fui escalado para contar chalaças, para aligeirar o ambiente pesado, que se fazia sentir. Chegou a polícia, parecia icterícia, era vê-los a debandar, pareciam moscas em volta dum cagalhão muito grande. Vá bastonada!, pedes-me pérolas, dou-te porcos:
Parabéns a você,
nesta data querida,
hoje é dia de festa,
cantam as nossas almas,
para o menino Zé Carlos,
uma salva de palmas.
Mas contudo, não foi de todo o menino Zé Carlos, a soprar as velas do bolo. Foi a viúva da mesa ao lado: «Puta da velha.», pensou o menino Zé Carlos.
Ficou tão lixado com a velha, que não descansou enquanto não lhe fez a folha, com um osso na boca, de pele de búfalo, daqueles que se dão aos grand-danois para roerem, combatem o tártaro e as cáries. Isto a longo prazo, revela-se um mau investimento, pois os cães da referida raça, vivem em média, menos nove anos que outros, de outra qualquer.
Ainda assim, o menino Zé Carlos, não olvidou a puta da velha, que lhe tinha soprado as velas do bolo e, quando esta não desconfiava de nada, subtraiu-lhe a placa dentária e escarrou-lhe na sopa de vegetais, bem cozidos. A velha comeu mesmo assim, nem desconfiou de nada, se calhar, nesse dia, até a sopa lhe soube melhor do que nunca.
Porém, certo dia, começou-lhe a espirrar sangue dos olhos, talvez devido ao escarro do menino Zé Carlos, e foi à bruxa ou à Santa da Ladeira, não me recordo agora, para ver se esta lhe curava o mal.
A bruxa, ou a Santa da Ladeira, como já disse não saber precisar com exactidão, qual das duas foi, disse assim:
- Vizinha, passe-me um cheque de cinquenta contos, que isso passa-lhe.
A pobre viúva assim fez, e passou a viver na penúria. Sem mais recurso, teve que se dedicar à prostituição. Velha, sem placa, e com os seios descaídos, bem como engelhados, ninguém lhe pagava. O grosso da clientela, mesmo com sacrifício, preferia pagar a uma puta mais jovem e atraente, que dar uma bagatela à velha viúva.
(Quem não ficava nada satisfeito com isto, eram as esposas dos clientes, pois sabiam que os maridos, gastavam muito com as putas.)
Foi então que começaram todas a voar, e a formar cortejos nupciais, com máscaras de morte. Foi então que surgiu em cena, o padre Fontes, fundador ecuménico, do movimento das mães de Bragança. Quanto ao menino Zé Carlos, deixou Paris, e desenvolveu um estigma sexual misógino, dançando só, por um punhado de moedas, cunhadas à pressa num vão de escada qualquer. Nunca aprendeu pintura a óleo, que era o seu sonho de menino, fumava, ao invés, cigarros Definitivos, que comprava na tasca da esquina. Namorava com uma rapariga de boas famílias, que se chamava Ténia dos Santos Boémia, tenente de uma larga soma de fundos monetários, em vários bancos da capital australiana, e chorava quando ouvia bebés de colo. Os mais eminentes psicanalistas, julgavam tratar-se de uma grave complicação psico-somática, proveniente da Somália, onde os pretos são magros, e comem restos como os cães.

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