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Um caderno pode ser mais escuro, que a noite mais negra. Sou o bêbedo, que deambula pela madrugada ao acaso, sem futuro, nem passado, um homem condenado. Apesar de tudo, ele ainda canta, canta muito alto, para não cair. Eis que o passeio, se torna na mais profunda falésia. Uma falésia de miséria, onde todos os leprosos se contorcem com dor, arrastam-se em busca da beirada do passeio, rugem e mordem, como bestas, enfurecidas na sua busca por sangue, exangue.
Deus fez-me imortal, concebeu um ser especial. Ao resto dos homens, concedeu a benece da morte. A mim só me deu a loucura e a doença, sou a podridão da sociedade, o proscrito que finalmente aceitou as regras, e resignado com a sua canga de desespero e pânico.
Erro frente a uma paisagem marítima, vivo rodeado por feras irascíveis, que ao mais pequeno deslize, me extripam, impiedosamente. Deus não me concedeu beneces. Finalmente compreendo as regras do maldito jogo, é jogar ou morrer. Não vivo, morro devagar, aqui está a diferença, quem teme a morte vive realmente, com receio que a vida se estinga, demasiado rapidamente.
Quantas ilusões acalentam os homens, quantas máscaras sorridentes querem impigir à morte, essa senhora da sorte.
A morte, se tem uma máscara, que eu não acredito que tenha, é uma máscara inexorável, vem mascarada de inevitabilidade. Porquê recusar o seu abraço? Quantidade de trapaças, que tentam esconder as regras do jogo.
O padre é um inimigo, o padre é o pior de todos os homens. Fez as suas próprias regras, desafia a morte, cola-lhe um sorriso falso. Engana os homens como um escritor. Nada é tão fácil como ser padre ou escritor, é dar importância ao que não tem. Uma vez dominadas as palavras, já não há segredos. O escritor é o domador de feras inofensivas, conhece-as, nunca as domou. Estas, mesmo que quisessem, não fariam mal a ninguém.
Basta conhecer os seus códigos.
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