Urubu Cultural

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Buda de Budens

O Buda de Budens é feio como o caralho, nem reza, nem crê no Reviralho que se deu no fim da primeira República (também ninguém acreditou na altura, alguns deram a vida por essa causa perdida, mais por descargo de consciência).
De manhã cedo o Buda de Budens bebe uísqui falsificado de Sacavém, senta-se à porta, no poial, à espera de quem não vem, de quem não virá jamais, montado numa biciclete sem pedais anormais.
É divorciado o Buda de Budens, como convém a um Buda de Budens que se preze e a quem dá vontade orar. O Buda de Budens costuma ir aos espíritas com a sua tia Albertina do Mónaco. Lá chegado, descalça os ténis e põe-se à vontade, oferece peidos às velhas com vaidade, regozijam-se e saúdam a sua tia por ter um sobrinho tão castiço. Quando se amofina com as velhas faz-lhes um piço com os dedos. Elas fazem que não vêem e continuam a se encharcar de: anis, chá, bolachas, torradas e bolos de doce-fino. Estão todas de cuecas de seda, e circula um pepino maduro, cada uma, na sua vez, enfia-o duas vezes na vagina. Acham muita graça a esta prática, as velhas convivas do Buda de Budens.
O Buda de Budens, que nunca chegou a assistir a este tipo de práticas, preferindo ele o ar livre que se respira nos campos eólicos da Vila-do-Bispo. Quando se passeia pelos campos tem sempre vontade de comer peixe frito, isto quando para cagar não está aflito. Conhece ele a casa de um camponês que não tem peixe frito, mas que tem vinho tinto caseiro, e que, quando o Buda de Budens aparece, o que não é raro, sempre assa uma choriçazinha do talho, com travo a alho; depois de comer o Buda de Budens põe a mão no caralho e exige que lhe tragam uma gaja boa com quem praticar o coito anal, mesmo durante o período menstrual ou no carnaval, que a igreja condena.
O Buda de Budens quando queria até era um gajo porreiro, o problema é que nem sempre estava para aí virado. Podia ter-se casado mas só queria era boa vida. Houve até uma adolescente que se tentou matar por amor, ou desamor, do Buda de Budens. O gajo isso não via, só queria era copos e cigarros de droga, bem como livros do Miguel Torga. O Buda de Budens gostava bastante de poesia, escrevia, escravizado, alguns versos; faltavam-lhe era as vivências que são necessárias na vida de qualquer poeta. O Buda de Budens, a título de exemplo, nunca chegou a pernoitar numa casa de passe, como Herberto Hélder fez, nem conduziu marinheiros na noite da Flandres em busca de cona.

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