Urubu Cultural

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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Treze de maio

Apetece-me matar, à facada, com um caco de vidro fosco, a estrangeira, ou as estrangeiras de sessenta e poucos anos, que gargalham na mesa em frente. Suponho que tenham uma cona velha, toda furada. Ao ritmo do rock and roll, despir-lhes-ia as calças, não sem antes lhes descalçar as sandálias de cabedal; depois, muito calmamente, contemplaria as suas cuecas de renda vermelha, (que usam para parecerem jovens) depois contemplaria, num misto de náusea, enjoo e respeito, os seus genitais, a púbis toda rapada (aspecto que, mais uma vez, tem como objectivo, simular a sua graça e juventude perdidas). A guitarra, na aparelhagem do café, solta um som de guitarra rouca, e as velhas estrangeiras riem, e bebem vinho tinto, sem nada respeitarem. À mais velha, gostava de lhe apagar o charuto na testa, para ver se não ria tanto. Tomo um gole de chá, acho-o demasiado quente (estou disposto a fumar todo o meu tabaco).
Só agora reparo que, trazida pela cítara, não é Telma que se senta na mesa ao lado, tudo isso me desaponta, um bocado. As putas estrangeiras, afinal, lambem sangria, como a menstruação que já tiveram. Cheira-me a tabaco de cachimbo, e um homem de brochas nos sapatos, avança para junto da esposa, ao ritmo de música cubana. Cubano é também o meu tabaco.
A maioria dos vícios, no seu expoente máximo, fala latim. Confusão, ondas de confusão invadem-me o cérebro, em convulsões metafísicas. Eis que chegam seis ingleses, a raça mais asquerosa do planeta, que deixou o seu legado aos americanos; como me satisfaria escarrar-lhes na fronte, e vê-los franzir o cenho, amofinados!!!!
Caos e desordem, percorrem-me os nervos em desordem.
Ao balcão está sentado um cigano, com quem cresci, devia-lhe bater com uma tábua, em que um prego ferrugento espetado, se encontrasse.
(Depressa passarei às cigarrilhas)
Ondas de fumo sáfico dançam em volta de mim.
Eis que sou um serafim, sem fim, danço e revolteio-me no chão de papelão, coberto por naperons mágicos, abençoados pelo papa, sua santidade, obra da santíssima trindade. Música ininteligível, embrulha-me os olhos e enxameia-me os ouvidos. Uma prostituta qualquer, que percorre a madrugada fria, diz a um cliente em potência, que por dez euros apenas, não fode.
Cliente – Dou-te vinte e cinco, e vais com sorte.
Puta – Com vinte e cinco, só cona, se quiseres os três pratos sai-te mais caro, querido.
Cliente – A cona basta-me... porém quero-te com as mamas a descoberto...
Puta – Não seja por isso, podes apalpá-las até te fartares querido.
A puta é portuguesa, nacionalidade que vai escasseando, no meio das meretrizes.
Cenário: Estão ambos, puta e cliente, numa pensão, o cliente lava-se na casa de banho, a puta descobre-se no quarto.
Cliente – Estou pronto para foder, mas essa cona pentelhuda e tuas axilas de exagerada pilosidade, indispõem-me.
A puta levanta-se e vai à casa-de-banho, depilar-se. No quarto, o homem mexe na pila.
Cenário: A puta, completamente depilada, surge no quarto, ouve-se música de órgão. A puta, detém o olhar no órgão do cliente.
Puta - Ficas tu, ou fico eu por cima?
Cliente – Eu fico por cima, se Deus me dotou de caralho, foi para foder, e não para ser fodido, como às vezes sou, e mal pago pelo serviço...
Puta – Quem paga é que manda!
Cenário: O cliente, de pé, aguarda que a puta se deite. A puta sorri, deita-se na cama e ajeita a peruca loira, com um sorriso de cariz trocista. Fodem.
Acabado o serviço, o cliente, muito delicadamente, pede à puta para se esporrar nas mamas dela.
Puta – Mais cinco euros, e podes te esporrar onde quiseres.
O cliente paga, e esporra-se na cara da puta.
Cenário: A puta, com a cara coberta de sémen, vai-se lavar na casa-de-banho, veste-se e sai sem se despedir.
Sozinho, o homem chora, nú, deitado em cima da cama, as suas misérias.
Apetece-me uma cigarrilha, apetecem-me várias cigarrilhas. Uma cigarrilha que me é posta na boca por uma cigana, feita às postas (não a cigarrilha, mas a cigana). A minha caneta, provoca-me uma estranha, e ao mesmo tempo, vontade de escrever. A minha caneta azul-escura, é um leme partido; uma bússula sem norte.
Um velho marinheiro, abusa sexualmente de uma pré-adolescente surda-muda, que vage ensurdecedoramente. É o garante da casa. Mil marinheiros, abusam de mil pré-adolescentes surdas-mudas, que se entregam sem lamento. As suas vaginas, túmidas e húmidas, acolhem caralhos de velhos marinheiros. Com tanto amor para dar, e os velhos marujos escolhem precisamente garotas surdas-mudas:
Uma cigarrilha é uma ilha,
uma ilha onde vivem duas mulheres
que se amam, como a uma filha.
Colhem flores, para Ceres.
A definição de amor que nos surge no dicionário, é apenas uma aproximação muito vaga:AMOR – o amor é: duas mulheres que trocam um beijo, sem mais nada, sem sexo; o amor não é algo sem nexo, não é inconcreto. Apenas é preciso ser-se duas mulheres, que trocam carícias sinceras, para se descobrir o amor. É calor, num mamilo túmido.

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