Urubu Cultural

Urubu Cultural

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Un Chien Farense

Era uma vez um cão, durante o período Ibn-Harun: um cão de caça árabe, com malhas castanhas e de pêlo muito sedoso. O seu dono, Abu Othman Said Ibn Harun, tinha-lhe ensinado um repertório falado, a uma voz de comando, o cão árabe foi baptizado com o nome: Faruk.
Faruk sabia debitar o seu esquema oral, como nenhum outro alguma vez tal, o havia feito; entre as palavras que latia: alguidar era a que se mais ouvia. Abu Othman Said Ibn Harun, era também um grande caçador, tendo ordenado que Faruk, nessas lides fosse amestrado. Por todo o ocidente, foi espalhada a palavra, Faruk necessitava de dotado professor; até que em uma manhã de inverno, se apresentou um senhor. Provinha o velho de Halq Az-Zawiya, onde era sobrinho de uma tia, há muito esquecida (pelas hostes engalanadas).
Em a ria de Ibn-Harun, onde a caça era mais que muita, Saddam Ibn-Batuta, tal era o nome do técnico canino, ensinou o seu educando a ir buscar peças, enquanto o diabo faz o pino; dizia assim ele:
- Faruk, vai apanhar o pato!
E o bom do cachorro atirava-se às águas da ria. Isto durou muito tempo, até ao dia em que Saddam Ibn-Batuta, considerou o seu instruendo apto para servir seu patrão.
Em o grande dia da estreia, Abu Othman Said Ibn Harun, com todo o seu séquito cinegético, decidiu verificar com os próprios olhos (que a terra haveria de, eventualmente, acabar por comer), se o seu dinheiro tinha sido bem empregue; após colóquio breve com Saddam Ibn-Batuta, e só depois de este lhe ter transmitido as palavras que accionariam Faruk, o soberano ordenou:
- Faruk, vai apanhar o pato!
E este foi, em um grande estrépito aquático, por entre juncos e ramagens diversas, ver o que encontrava. Retornou com, em lugar de um pato, uma galinhola na boca; e em boa hora o fez, visto o seu dono, Abu Othman Said Ibn Harun, preferir caldeirada desta última, ao invés de arroz do primeiro, que por vezes, se torna seco em demasia.
Satisfeito com o animal, e não menos com o mestre, o almoxarife ofereceu prontamente ao segundo, a sua terceira filha em casamento. Saddam Ibn-Batuta, que pelos vistos era celibatário, passou toda a noite em claro, de nervos franjados, com o pensamento fixo em uma só ideia: «Oxalá a gaja seja boa.». Por a manhã, devidamente aperaltado, compareceu com uma pequena oferenda, nos aposentos da princesa Maria de Fátima; o seu desapontamento não podia ter sido maior, pois a principal: detendo dois dentes podres à frente, tinha a cabeça repleta de lêndeas, qual alvas flores de amendoeira. Impossibilitado de contrariar de todo o sogro, que ainda havia de ser, lá fez o frete de se casar com Maria de Fátima.
Entretanto, Faruk tinha dizimado a população de aves aquáticas da ria, bem como aprendido novos vocábulos: almofariz, almocreve, alcatruz, alfarroba, e mais uma quantidade apreciável, de outro palavreado.
Um belo dia, chegaram os cristãos, com Dom Afonso Henriques à cabeça, e acabou-se a festa.

Sem comentários:

Enviar um comentário