Charutos com frutos secos

Não era um daqueles dias demasiado quentes, em que a canícula nos provoca camarinhas de suor, nas espáduas e na testa, ainda assim, o calor daquele dia era incómodo, especialmente se considerarmos o espaço de tempo que vai do meio-dia, até sensivelmente às duas da tarde. O Filipe e a Vanessa discutiam frente a um taipal, que resguardava uma casa em construção; eu, incomodado com o inconveniente da situação, afastei-me até perto da montra de uma tabacaria, a não mais de um ou dois metros de onde o casal trocava argumentos, se válidos se não, também não posso afirmar. De qualquer forma, já frente à montra da referida tabacaria, reparei que esta, simplesmente não tinha vidro; estavam expostas: garrafas de bebidas alcoólicas variadas, volumes de tabaco (que um estrangeiro adquiria em grande quantidade) e, para meu grande espanto, algo nunca visto na minha curta vida: charutos com recheio de frutos secos: havia-os com pinhão, passas, castanhas piladas, noz, etc... um manancial. Aproveitando-me do facto de o dono do estabelecimento se ter deitado numa espreguiçadeira, e parecer dormitar, joguei a mão à caixa dos charutos com frutos secos, e comi todos os que tinham saltado de dentro dos charutos, coisa que às vezes acontece.