Urubu Cultural

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Instituto do emprego e formação profissional

O que agora já sabes, nunca to foi contado. As glicínias, dispostas na janela do teu quarto, choram os soldados, mortos! E os teus dez abortos! Tens os dias contados, explanas-te na areia da praia, como o mijo dos cães. Ai, dias doentios da minha glória, que euforia sentia, quando chegava o verão, reunindo sete velhos pardais na mão. Agora, esta estação é sinónimo de depressão, cérebro electrizado, cigarro atrás de cigarro, na tentativa falhuda de recuperar a razão. E, já agora, a visão da minha mulher, internada fez ontem sete dias, num hospital psiquiátrico. É uma pessoa tão original, talvez por ser australiana, e cativar, com os seus olhos azuis acinzentados. Foi uma das poucas mulheres que conheci; não é mais que um decalque, da mãe idealizada pelos homens.
Tentei, e ainda tento, tenteando, explicar-lhe o que é a saudade (tenho as unhas todas pretas).
Tenho que cortar as unhas das mãos, esta noite, sem falta. Terei de fumar uma cachimbada, para poder fumar, e cortar, simultaneamente, se calhar, tomar um cálice de aguardente. O baixinho à minha frente, tem uma bola de cotão, branca, agarrada ao ralo cabelo castanho. Apesar de tudo, é boa pessoa. Com certeza, não tem pêlos nas costas, como eu os tenho, em abundância, e que me conferem um aspecto lupino (tudo isto, na realidade, é sobre como desenho as letras). Opto pela legalidade das situações, em qualquer das situações, com que, quotidianamente, me deparo.

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