Urubu Cultural

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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Telefonema para a Morte


Olá, olá… olá…
É da casa da morte?
-Ela não está.
Quer deixar recado?
-Há dias que a aguardo e ela nada…
Nem um telefonema.
Não é conduta digna de uma identidade estatal…
Comprei a minha extinção há seis meses.
Que desrespeito.
-Já disse que não está.
Quer deixar recado?
-Vá-se foder e seus sofismas de merda. Simpatia meta-a no rego do cú.
-Quer deixar recado ou não? Tenho uma encomenda para receber. Uns tapetes de Arraiolos lindos…
-Arraiolos? - Sim. Arraiolos.
-De que cor? - O que isso lhe interessa? Acabou de me ofender.
-Desculpe, não foi por mal, a sua patroa tira-me do sério. Onde é que ela foi?
-Foi comprar uma foice nova e fazer implantes mamários.
-Será que ela as mostra antes de extirpar os clientes?
-Mostrar o quê?
- As mamas, ora essa.
-Quer que pergunte?
-Deixe estar.
-Tenho os tapetes a chegar. Decida-se, quer deixar recado ou não?

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