Urubu Cultural

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Esquadrão Classe B

O esquadrão classe b, era um esquadrão constituído por: três pretos e um branco. O esquadrão classe b, tinha como objectivo principal, cortar as unhas dos médicos, pouco inestéticos.
«Alô, aqui quem fala é o Diabo». O esquadrão classe b, não cortava as unhas ao Diabo:
- Aqui fala o Diabo outra vez... – falava para o atendedor automático do esquadrão classe b – Quero desta forma, expressar o meu desânimo, pelo facto de não me cortarem as unhas, visto que, se fosse Jesus Cristo, vosso senhor, cortar-lhe-iam as unhas, com prazer, sem o fazer sofrer.
Só mais tarde o Diabo se lembrou, que não tinha unhas, mas ao invés, cascos; corou de vergonha, e chorou lágrimas de sangue, durante sete dias seguidos.
Passados dois anos deste caso, o esquadrão classe b, dissolveu-se devido a incompatibilidades várias, entre os elementos do grupo. O membro branco, alegava que o restante grupo, o drogava constantemente, a fim de o obrigar a viajar de camionete. Ora Joaquim Mendes – tinha este nome o elemento branco do esquadrão classe b – em criança, tinha sido violado por um motorista de camionete, que era seu tio-avô, daí ter ficado com a fobia, em relação às camionetes.
O caso seguiu para tribunal, onde seguiu todos os trâmites legais. Foi, inclusive, nomeado um advogado oficioso, para defender Joaquim Mendes. Enquanto o arguido principal do processo, esperava o desenrolar do processo, escreveu o seguinte poema:
Ao quisto chegou,
o experiente cirurgião,
arrasta-se pelo chão,
ao quisto chegou,
mas muito se esforçou.
Joaquim Mendes foi contemplado com uma choruda indemnização, e logo abriu um salão de cabeleireiro.
O Diabo, um dia, foi lá cortar o cabelo, e disse assim:
- Tenho um joanete, Joaquim.
Joaquim sorriu, e foi procurar o estojo de pedicura, para tratar, pessoalmente, do Diabo:
- Que cambada de paneleiros, que tens aqui a trabalhar no salão, Joaquim.
- Não seja incompreensivo Diabo, eles não encontram trabalho noutro lado, devido à discriminação de que são alvo, noutros sectores laborais.
O Diabo riu sarcasticamente, ao escutar esta observação, e deu um euro de gorjeta, a Valéria Caldeira, que lhe arranjava as mãos.
Certo dia de inverno, o restante do extinto esquadrão classe b, invejando o sucesso de Joaquim Mendes, colocou uma bomba no estabelecimento. Rebentou-lhe com o salão todo.
Este desgosto, fez com que Joaquim ingressasse nos espíritas, onde frequentemente se jogava ao jogo do copo. O chefe espírita construía um círculo, com tipos em papel, onde constavam as letras do abecedário, e todos os números de zero a nove. No centro punha-se um copo de cristal da Boémia, seguidamente, todos os participantes colocavam o index na base do copo voltado, e juntos, clamavam pela alma que queriam invocar.
O copo, como numa espécie de metempsicose, movia-se por si mesmo, ou era o copo que era o espírito, já não sei bem como era.
Quando chegou a vez de Joaquim Mendes invocar um espírito, chamou, nem mais nem menos, que o Zé Rosado:
- Zé Rosado, estás aí? – perguntou três vezes, ante o olhar circunspecto dos restantes espíritas. À terceira vez, o copo avançou para o esse, depois para o i, e para o eme:
- Que carne devo comprar no talho, Zé Rosado?
O copo moveu-se, e formou-se o cocábulo: vazia:
- Ahhh! – exclamaram todos em coro.
Até àquele dia, todos tinham comprado carne da pá.
Nos espíritas, Joaquim Mendes conheceu duas estrangeiras muito atrevidas, que fumavam droga e cantavam o fado, de cachimbo na boca. Passaram a conviver bastante, e a frequentar praias de nudistas. Joaquim era muitas vezes solicitado, para besuntar creme nas costas das amigas, que faziam muito topless, apesar de terem as mamas tenras e engelhadas, como galhos de castanheiro. «Joaquim», diziam elas, «És um gajo porreiro». Não se pense que as duas estrangeiras eram pessoas de idade, não!; deviam andar ambas pela casa dos vinte e poucos anos.
Um dia, o presidente do concelho de ministros, estando farto de pouca vergonha que se passava na praia dos nudistas, mandou para lá uns polícias. Está claro que às raparigasnão fizeram nada, mas a Joaquim Mendes, a esse, mataram-no à cacetada. Eram polícias ferozes, de negros bigodes.

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