Urubu Cultural

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sábado, 12 de setembro de 2009

Vi um cadáver a comprar flores antes da matiné vespertina dos odores.


Ontem pela manhã vi um cadáver a comprar flores antes da matine vespertina dos odores.
Os homens vertidos de sangue espesso com vazio imenso em tempos austeros sentiam medo. Um receio quase imperceptível, voavam como gigantes iluminados por candeeiros nas palmas das mãos. Tinham luzes nas unhas e palavras em surdina evisceradas nas línguas perfumadas de talhantes pederastas.
Pirilampos pernetas corriam no asfalto com suas próteses de carbono, saltitando reflectiam sobre a leveza das coisas. Sentiam uma abstracção volumosa, uma inibição do indesmentível e invisível. Planavam cantarolando cançonetas desarticuladas com suas vozes verticais, lábios em forma de biombo, davam grande estrondo…
Velhas com sete mamas rastejavam em cadeiras de rodas… com livretes diminutos com palavreado variado e em diminutivos constantes.
Estava sol e chuva… ora quente, ora poeira…
Ergo-me pela manhã de Outono. Nas ruas, a neblina abraça as sombras oblíquas, as silhuetas ébrias caminham ziguezagueando insanidades foscas pelo orvalho do soalho.

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