Urubu Cultural

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Anarquistas

 Hoje, dia onze de novembro de dois mil e seis, fui nomeado sub-comandante da guerrilha anarquista de libertação do Algarve. Acima de mim só está o comandante Zé; reuniu-se toda a guerrilha, e fizeram-se eleições directas. Tarefa facilmente realizável, graças às reduzidas dimensões do corpo combatente. A saber: o comandante, Zé Anarquista, a seguir eu, e o resto não tem patentes. Patentes, que no nosso grupo, são muito relativas, isto é, sempre que a maioria estiver descontente, convoca-se uma reunião, e vota-se nas listas que se propõem à liderança.
O nosso tesoureiro, perdeu a perna no Ultramar, a sua face barbada, é continuamente assaltada por um tique nervoso, que o obriga a franzir os olhos, bem como toda a face. Na primeira vez que nos vimos, perguntou-me se eu tinha servido na marinha. Não servi, nem tenciono servir, Paulo ou Abílio, julgo ser um destes o nome do nosso tesoureiro, ante a minha resposta, julga-me ofendido. Não o fiquei, de todo. Outro aliado nosso, é um tendeiro, que o nome não sei, tem uma expressão mongol, sem ser mongolóide. Temos ainda António Pedro, braço direito do Zé Anarquista, rosto bronzeado, seco de carnes, sempre afável connosco, não diz que não a um cigarrinho, sempre que o lhe sugerem.
 Há também dois irmãos, a quem chamam: “Os primos”. São os donos da tasca, onde nos reunimos. Sempre com a barba por fazer. O velho angolano, é um retornado de Angola. O velho ralheta, acho que anda ao mar. Não os conheço tão bem a todos como isso. Sabemos que a revolução está próxima.

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