Urubu Cultural

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Algarve

 Tenho que fazer melhor os eles. O Algarve é uma cabeça de cavala, é uma cabeça de sardinha, é um barco, cujo barlavento é a proa; saboreia o mar salgado, que rebenta em ondas de merda na tua cara chata, de pata, sem pata, sem pederasta anacrónico, que o tempo esqueceu, entumeceu. Vi coisas horríveis, muito sofrimento, mas sobrevivi; se calhar nem foi lá, não foi difícil chegar à conclusão, que estava completamente enganado, sem medo, não tenho medo na guerra, porque sou um rei cósmico do infinito universo sideral, que é o Algarve.
 Sou amendoeiras em flor, sou figos lampos, sou marmelos. Sou o barrocal poeta, sou aguardente de medronho – oh que sonho! – sou mato sem chato, nem gato com pulgas, sou um polvo alapado à rocha, um choco com ferrada, grelhado na brasa, e o pior ainda é que as memórias nunca se apagam, e doem muito, são como um punhal espetado no coração de uma criança, que dança, e come cherne ao pequeno-almoço, sem desgosto, porque tem posto o boné mágico e fala inglês.
 Matias caga no penico falso da mãe, é alemão, e a merda escorre toda para o chão: «Que fedor!», exclama Matias: «Não riam.»: diz-lhe a mãe, sem perdão na mão, que lhe sevicia o rosto, sem desgoto aparente. Os adjectivos são os assassínos da mente, do demente salgado, carapaus alimados, é comida de maluco, sem sobretudo, sem gabardine: é Jesus Cristo quem me afaga o rosto, sem desgosto, e choro piedosamente, pela salvação das almas de todos os mortais, nos quintais.
 Ana Maria come piza sem salsa, e e come cisnes, sem falsos moralismos, sou negativista, como se nota pelos inúmeros “sens”, que debito, sem bico. Agora vou voar, ver a serra algarvia, sem parvónia, na memória afectiva e simpática do sistema endócrino e pulmunar, que é salutar ir às termas, depurar, sem viver demasiado depressa, em combustão de coração “Pum, pum, pum!”, faz o comboio que não chega a lado nenhum; sem um centavo que guardo no bolso, vou a Espanha rezar, sem parar, a voar. Estupidamente apaixonado, deixo-me levar pelas emoções, sensações, sem dentição no coração; o amor acontece quando o diabo aparece de óculos de massa para a miopia, não cegou ainda porque não calhou, pois vive numa pocilga imunda, sem gás canalizado, ponderando todos os dias pelas suas tias que comem bolachas sem parar, de manteiga, as mesmas, sem caracóis lá dentro, que abrem o apetite pela vida.
 A precisão da inocência é falsa como um kinder surpresa, com merda preta no centro, sem cheiro a merda útil dos caralhos esporradores de sonhos vaginais, húmidos de lubrificante salgado, esmaltado, maltado. Não gosto de cerveja preta dos chineses, às vezes. Peço pão com torresmos e trazem-me quadro do Van Gogh, sebento como nunca, ergo-me no ar por entre as colunas de Werderbremen, na Holanda dos nossos sonhos mais queridos, mais lascivos, sem peixe fresco, estes sonhos que pressupunham uma bonita vida a dois canários, que pela manhã cantariam sem parar, até serem substituídos por mais um casal cantador de amor. Peixe-rei faz parte do Algarve, assim como eu da vida em Pisa, Itália, dezanove de setembro de mil novecentos e cinquenta e cinco, ano do eufórbio nacional, sem melões pele-de-sapo à mistura, sem cura, vou revitalizando pelo caminho, sonho num cadinho de esmalte, ou pirex, amado pelo Estado: - Senhor Presidente do conselho, obviamente que me demito, repito, obviamente que me demito no Brasil, de todas as minhas funções administrativas, consecutivas ao vasculhamento de documentos raros, sarros que me atacam os dentes, destroem a minha credibilidade enquanto ministro de obras públicas e do erário público, que decresce a olhos vistos, graças às putas das mulheres dos ministros, que fazem broches aos padres e engolem o sémen (sémen de padre não engravida ninguém), muito menos pela boca de Teresa, que todos os dias lava os dentes, mas descura a higiene mental natural, que é ler um livro por semana, é bem bacana.

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