Urubu Cultural

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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A foda Ariana


 Quantas formigas são precisas para, na totalidade, desmontar uma mosca varejeira?
 Agora a sério, fui eu quem matou a mosca, eu! Pisei-a com o pé. Conhecem a probabilidade de conseguir feito igual com uma mosca saudável? A mosca jovem, ainda antes de sequer retesar um músculo da perna, para a erguer, já há muito que terá levantado voo. Por isso matei uma mosca velha, poupei-a a uma morte sofrida; depois entreguei-a às formigas, que se entretinham com um qualquer insecto ressequido.
Após a chegada dos primeiros mensageiros, a colónia acorreu em peso, apesar de tudo, ainda uma pequena formiga (que me pareceu naquele momento mais clara que as outras) fazia um esforço tremendo, para arrastar sozinha a carcaça do outro insecto. Não sei como é possível crer num deus, após verificar a azáfama das formigas, a sua disciplina espartana. Afirmar, por um processo tão simples e desprovido de arte, como o é o da criação divina, é diminuir a intrincada matemática, com que as formigas se organizam, o que são, afinal de contas. Também não mato aranhas.
Também nós seremos formigas, dínamos vivos, fardados de igual, sem superiores hierárquicos, sem patentes nem oficiais; marcharemos, correremos sempre, e sempre de metralhadora em riste, calada de baioneta. Marcharemos em pelotões, num pelotão, ou... que posso afirmar eu? De tal forma coesos, que os indivíduos de trás, fuzilarão os seus camaradas da frente, só restando os quatro homens derradeiros da retaguarda. Serão eles: Ismael, Isaac, Sandro e Jorge. Se os teus pais não comem todos os dias bebés, condena-os à morte.

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