Urubu Cultural

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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Gestão de Processos

 Cavalos negros agressivos, alados de branco. Encaixam traves ou barrotes, numa casa labiríntica onde me encontro, e de onde não consigo escapar.
 Uma joaninha, do tamanho de um ouriço-cacheiro, que eu exibo, foge, mais tarde, para dentro da piscina da dona Fernanda.
 Um lagarto labrego, lambeu livremente o livrete de Lúcio Lima; «Não o devia ter desviado por divertimento.» declarou o Diabo. E choveram choros, cheios de choro, de chorrilho, na chocha de Xana Ximenes, amiga de Lúcio Lima, que castiga com a cantiga, sobre certa formiga, que fumiga sem fadiga, cantando o fado:
 - Sempre fui mal amado...
Indesejado, digo eu..., desajeitado, programado, desavisado, pisado, amolgado, enfim...
 O cemitério da minha cidade, é sobrevoado por: gaivotas, rolas, melros e pardais, ou quem sabe, outros que tais. Uma gaivota, pousada na cabeça de um anjo de pedra, faz com que este sinta vontade de voar. As rolas não deviam estar no cemitério, ao contrário dos melros, vestidos a rigor, mas sem bico, fulvo de vigor. Os pardais, devem esquadrinhar imperativamente, os intervalos entre campas (o cavador, devia também poder voar, mas em lugar de asas, duas enxadas agitar). O cemitério está vago de mochos e corujas
 Teodora, a heroína desta história, nunca foi, ou irá jamais, ao cemitério da nossa cidade. Dependeu, em tempos, de substâncias estupefacientes. Deita pensos higiénicos usados, em locais proibidos ou impróprios, para esse efeito.
 Que giro o meu processo! Gira sem parar, até se deparar com uma mulher com sandálias abertas à frente mas, com os dedos aquilinos e demasiado longos, para que possa usar o tipo de calçado supracitado, de modo estético. Parece um gladiador romano.
 Outra fulana, de visagem displicente, é detentora, efectivamente, de uma tatuagem no pé direito, as pessoas inestéticas, deveriam ser interditadas de deter tatuagens; a sua simulada simpatia e juventude mal fingida, enojam-me. À primeira vista, parece-se com alguém que vive numa habitação de taipa, no meio do mato. Chamemos-lhe Otília Bertrand. Ambas as mulheres aqui já referidas, usam calçado de cor preta. Os pés da tatuada, quase de certeza absoluta, tresandam a chulézum.
 Banal e casual é o diferencial eléctrico, que me atormenta os pés às quintas-feiras à tarde, não obstante o abcesso, no céu da boca, que me canta o fado pela manhã, cheio de manhas; bule dentro de um bule de oiro (teus cabelos são meu tesoiro, à parte). Canto mijaneiras e janeiras e “marceiras”, que são cantigas cantadas em Março, tipicamente iletradas, emanantes dos peitos de duas fadas ambientais, que compram ambientadores freshmatic. Prisiunic é salsa em francês, embora as ervilhas com ovos, peçam é coentros para gargantas fundas cantarem o fado ao Zé Amado, um dos poetas, pouco estetas, que esta terra já conheceu.
 Esta epístola é para meu primo anão, que barra na manteiga o pão integral do Papa Bento XXI, de chinelas de quarto aberto «Ai Alberto, abre-me esta lata de sardinhas made in Portugal, senão, dá-me uma coisa má no coração, um ataque no miocárdio, que foi a maleita vitimadora do afamado cantor Dino Meira, que já não está à nossa beira, lamentavelmente. Acabaram-se-me as giletes ontem à noite, e o supermercado para super-heróis, encerrou mais cedo, impedindo-me de adquirir o objecto desejado e, mais uma vez, inexoravelmente me impediu de ir cantar o fado, numa casa de fados em praça pública, onde costumava discursar assiduamente, acompanhado de um calicezinho de aguardente de medronho; não, não sonho..., embelezo-me com algas que deram à costa, na praia, espalhadas no areal imenso da minha solidão sozinha, com a minha vizinha Bianca Pacheco, coxa de uma perna e cega de uma vista, atleta garantida nos jogos olímpicos de Toronto.

1 comentário:

  1. muito bom este trabalho.

    "as pessoas inestéticas, deveriam ser interditadas de deter tatuagens". concordo plenamente

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