Urubu Cultural

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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Península em guerrilha


Era uma vez, num glaciar, com um historial de enorme inflação, certo dique que se rebentou, formando-se desde logo enorme lagoa. Resultou esta tragédia, da explosão de uma bomba atómica e, desde logo, ficou comprometido todo o regadio de um xamã, que passou a dedicar-se à pesca de arrasto, em detrimento da agricultura intensiva. Contratara para seu auxílio um refugiado, fugido de uma revolução para ocupar terra fértil, num arquipélago onde prevalecia a agricultura de subsistência, e havia, como sanção: a obrigatoriedade de trabalhar no sector de serviços, ou na produção de copra, que era o mais abundante recurso natural do principado.
 Certo dia, um terrorista tentou, a introdução da cultura de sorgo, bem como, a fabricação de produtos têxteis mas, dada a falta de matéria-prima e recursos minerais, em dado planalto, onde os estragos da monção afectavam principalmente: a indústria química e a cultura de mandioca, começaram a escassear os bens de consumo. Foi a vez de um pagão investir numa plantação, o que desde logo fez estalar uma guerra civil, móbil principal da derrocada de todo o império, caído por terra no espaço de tempo, que demora a erupção de um géiser no equador. Voltou-se então, toda a população, para a agricultura de corte e queima, tendo tido esta actividade, como consequência imediata, uma forte seca; ninguém, de resto, mostrou qualquer empenho na recuperação de terras.
 Urgia uma reforma democrática, que foi levada a bom termo por um robô, na medida em que apostou na monarquia, como forma de organizar o território, onde mandou cunhar moeda, e procedeu à conservação de determinado vale, outrossim de um bazar na planície, onde vendiam rebuçados para as dores de garganta, de um minoritário grupo étnico adepto do comunismo, e intolerante no tocante à pessoa imigrante, pois temiam a ameaça que representa a energia nuclear, nas mãos de um povo nómada, monopolizador da indústria petroquímica.
 Foi de imediato instaurado um regime de apartheid, que teria como missão, o controle da despesa pública afluente. Presidido por venerável ancião, cujo espírito era um santuário, tratou imediatamente de rever a legislação com um caçador furtivo, originário de uma província onde prezavam a democracia e a economia, mas não a poluição. Extinguiram todo e qualquer tipo de subsídio, medida causadora de forte corrupção, mas fertilizante da rede de comunicações.
 No feriado chegou um exilado da era glaciar, organizou uma grande festa, revitalizadora do cultivo comercial, que permitiu o combate à erosão, preparando assim, as bases para a instalação de uma república num longínquo atol, onde este passou a residir como emigrante independente. O seu principal investimento, foi no mercado livre nativo, produtor de um conhecido pesticida, empregue na savana em dias de furacão. Com a assumpção de funções por parte de um governo militar, foi decretada a protecção do veld, e alterado o fuso horário do atrás mencionado habitat, por ser importante colónia de uma empresa multinacional, ligada ao ramo da agricultura na tundra.
 Evoluiu muito, desde esses tempos, a civilização: em parte graças à indústria manufactora, em parte graças ao combate ao racismo, que permitia a possessão dos descendentes, posteriormente empregues no cultivo, na refinaria, e não na navegação. Eram alvo de constante censura, e impedidos do livre acesso à electricidade geotérmica no bairro de lata, onde o colono atirava, de uma escarpa, quem tinha fome e não entendia o seu dialecto. Contudo, a desflorestação provocada pela chuva ácida, como que promoveu um pacto federal, condenatório dessa actividade fóssil, em todo e qualquer fiorde em forma de delta. Seguiu-se a inevitável greve, mobilizadora de toda a Humanidade, reclamando por energia hidroeléctrica e pelo aumento do PNB, sempre contrariada por parte do movimento ecologista, recusador determinado da eleição multipartidária no protectorado. O Estado passou a proibir a importação e a exportação, com a rapidez de um ciclone, como havia feito seu antepassado, apologista da eleição democrática, mas já extinto. Sobreveio um enorme tumulto, que pôs fim à escravidão opressora, qual tufão equatorial.

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