Urubu Cultural

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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A.F.E.F.D.


 Esta singela historieta decorre, numa época em que todos os tabus sociais, afligidores da Humanidade durante o início do século XXI, estavam completamente resolvidos; a saber, encontravam-se, para todos os efeitos liberalizados: o aborto, a eutanásia, o consumo de todo e qualquer tipo de estupefaciente, a prostituição, o casamento homossexual e adopção de crianças por parte de casais de pessoas do mesmo sexo. Enfim, graças ao crescente esclarecimento da generalidade da população, que por moto próprio procurava instrução e conhecimento, as pessoas deixaram de querer interferir na liberdade do seu próximo.
 Contudo, o senhor Jafo Dias não se encontrava totalmente satisfeito e, certo dia, ao raiar da alva, dirigiu-se célere mais uma vez, aos guichés do Departamento para a Resolução de Tabus Remanescentes. Expondo ao funcionário que o atendeu, com enorme fidúcia e inexaurível determinação, o seu caso, e vendo novamente a sua sugestão indeferida, ergueu o braço direito, de punho cerrado e, em tom de ameaça, ao mesmo tempo que exclamava impropérios: «Vão pró caralho, filhos de puta…», «Vão-se todos foder, paneleiros de merda…», abandonou as instalações do departamento.
 Na tarde desse mesmo dia, Jafo Dias criou a A.F.E.F.D., Associação de Famílias que Escravizam o Familiar Deficiente.


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