Urubu Cultural

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O lagarto

Não te enoje seu aspecto bizarro, ó jornaleiro atarefado, que o lagarto pintado é pelo Homem. Se teus filhos padecem de tosse convulsa, limpa-lhes os queixos sem repulsa, e depões sua saliva doente, à porta do réptil dormente; este a ingerirá de forma fugaz, sarando rapariga ou rapaz. Passará a moléstia para o lagarto, que não tosse «Já viste que modéstia!?»
Se à hora do meio-dia, debaixo de árvore sombria, alivias tua crónica fome, descansado depois dorme, que o sáurio por teu sono velará, fica seguro que cobra alguma passará, sem que o réptil te acorde preste, alertando-te para a chegada da c’a pele despe. Caso teu sono seja mui profundo, e despertar não consigas, confia em teu amigo rotundo, que abocanhará a cabeça da cobra, sem mais cantigas. Morrerão ambos: a serpe de crânio esmigalhado, o lagarto de dentes anzolados, sufocado.
            «Vês como é teu camarada, o lagarto!?» Porém atenção, dele deves temer um facto, não o deixes chegar ao pé, quando tua mulher estiver de maré, pois que o aroma a sangue o desassossega, mordendo-lhe a madre, sem aceitar sonega.

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