Urubu Cultural

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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Gacto, uma quase simbiose


 A cerimónia da crase, faz com que, uma palavra se case (com outra, evidentemente). Inventei uma palavra, e esta história da crase, que não estava planeada, isto é, o facto de vir a ser mencionada neste conto, surgiu-me no outro dia, por mero acaso.
         A palavra é: gacto, resultante da junção dos substantivos masculinos singulares: gato e cacto (o meu gato e os meus cactos são simbióticos. Pelos menos os meus são! Os vossos não sei...).
         O meu gato não partilha apenas a homofonia do nome comum da sua espécie com os cactos, partilha isso e muito mais, aliás, a semelhança entre os nomes é, provavelmente, a menor.
         Os meus cactos picam, o meu gato também, tenho um cacto com pêlos brancos, tal como o animal. Os meus cactos não miam, mas o meu gato mia, e-xa-ge-ra-da-men-te alto. Os meus cactos nunca tiveram lombrigas, o meu gato já. Ambos apreciam matérias granulosas, os vegetais, de terra para viver; o felídeo para fazer as necessidades fisiológicas. O meu gato nunca padeceu com cochonilhas, o meu cacto-rosa já, situação que prontamente remediei com borras-de-café e tabaco. Assim como, certamente, envenenaria os meus cactos com o desparasitante intestinal do felino, também este não simpatiza com as borras nem com o tabaco.
         O meu gato gosta de morder  nos bicos de alguns cactos, noutros gosta de se esfregar, com o fito de se desenvencilhar dos pêlos mortos do seu manto tricolor e, nalguns, coça os queixos. Interrogo-me que benificios granjeará ao morder nos bicos dos cactos; será uma forma de me demonstrar o seu interesse pelos mesmos?
         E aproveitando o facto de estar a lidar com matéria espinhosa, deixo uma mensagem aos detractores do blogue, em que este conto se insere; nem que venham de tractor, impedirão o Urubu de sobrevoar as carcaças mortas da literatura. Conspiradores das sombras, previno-os desde já, que nem eu, nem o meu compincha, que apesar de diminuta estatura, é um gajo altamente, jamais pousaremos nossas oníricas penas, porque o que aqui se publica, são as nossas merdas, coisas que saiem de dentro de nós, e quem não gostar, que se foda.  
         

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